20/08/2017

Vida

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Sim, mais uma vez. Eu vou terceirizar e personificar as linhas e as entrelinhas que nunca vai saber se foram dedicadas a mim mesma ou se faz parte da minha melancolia ecoando para outro alguém. Eu sou assim, mistura de tudo e de todos.

O mais provável é que enquanto você lê cada letra, eu te confunda. Sou aquela pessoa capaz de distorcer a sua verdade, só pra te fazer crer em meia dúzia de palavras tiradas dos versos de Clarice. Talvez esteja te enganando e não seja uma pessoa, ou seja... Nem eu sei, posso vagar por dentre seus dedos e estar culpando a amiga (ou inimiga) cronologia, sem que você perceba.

Eu estou batendo na sua porta, não me deixe do lado de fora. Sem mim, você literalmente vira um amontoado de células cinzas, sem poder desfrutar das coisas que te ofereço. Eu sou o sangue que pulsa nas suas veias, da cabeça ao dedo mindinho. Eu sou você por inteiro, mesmo que ainda consiga ser uma segunda pessoa, só de essência e falta de coerência.

Sou eu, vida. Meu nome é alma, assino como sobrenome escolha. Eu estou batendo na sua porta, ando fazendo isso toda noite. Sim, por estar bêbada. Senta aqui comigo, eu vou te contar cada detalhe, até os mais sórdidos.

Não, eu não parei em um bar propriamente dito. Mas estou bêbada, de alguma coisa que insiste em me dá toda bendita noite. Eu não sei muito bem te dizer o nome, sei que é salgada e ardente. Parece água, mas água purifica e lava. Essa me alaga e enquanto escorre de volta pareço ter levado uma surra, daquelas que te deixa incapaz levantar, imóvel e apática.

Quando a madrugada e o sono batem em você, cruzo os dedos para agradecer. Ainda bem, você para a minha tortura. Agora, o que me resta saber é se isso não vai ter replay em plena lua no céu. Mas que droga, você não aprende!

Passa do raiar do sol até a lua dar a lua apontar feliz, há quem crie até a ilusão da sua felicidade perpétua. Só eu sei a surra que me dá quando o ponteiro retorna pras vinte, toda noite é igual. Você presenteia com salmoura, quem te deu o destino e um lápis.

Escuta, meu nome é vida. Não é ida, por mais que seja inconstante, pulsante, feita de impulso. Sabe por quê? Optamos assim, por andar juntas, apesar de desencontradas.

Nasci contigo, irei contigo. Na hora certa, seja no que acredita achar que for certo, não na hora que brigar comigo e quiser me desencontrar. Somos um, somos alma.

Tudo bem, não sou a melhor. Mas sou real, escrevo caligrafando aquilo que escolhe, aquilo que quer vai por linhas tortas e desengonçadas.


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